segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

POSTAIS COM HISTÓRIA 10 - CENTRAL HOTEL





POSTAIS  COM HISTÓRIA 08



Publico mais um postal comercial, desta vez do Central Hotel, então sito no n.º 19 de Rua Brito Capelo.

È datado de 1 de Agosto de 1916 e endereçado á Fábrica de Licores Âncora, cujos escritórios comerciais se situavam na Rua do Alecrim, e fábrica na Rua de S. Cyro, 23 em Lisboa.

O remetente é um dos caixeiros-viajantes da empresa a dar notícia dos negócios que angariou.

Era diretor, e proprietário da firma, Leopoldo Wagner. Era filho de Ernesto Wagner, originário da saxónia, marceneiro e músico de grande qualidade. Em 1848, em sociedade com Carlos Augusto Habel, fundou em Portugal a primeira fábrica portuguesa de pianos. Era um notável trompetista, tendo sido professor daquele instrumento junto do rei D. Luís, o qual nutria por ele uma afeição muito especial e em 1849 nomeou-o Músico da Real Câmara. Ernesto Wagner foi, também professor no Conservatório Real de Lisboa, lecionando a cadeira de instrumentos metálicos. Na sua época foi o único reparador de instrumentos de corda que existiu em Portugal.

Na década de 40 do século XIX, Leopoldo Wagner fundou a Fábrica de Licores Âncora a qual tinha sede no Largo Marquês de Nisa, em Xabregas, prédio entretanto demolido.

Esta fábrica produziu alguns dos produtos que eram líderes nas suas categorias, nomeadamente o absinto. Fabricava ponche, rum, genebra, licor de pêssego, triplice, curação de hollanda, anis, licor de ouro, entre tantos outros. Os cartazes e os rótulos da Âncora eram de uma beleza incontornável. Houve sempre uma preocupação da elaboração e registo das marcas, dos modelos das garrafas, dos rótulos e publicidade da "Fábrica Âncora, destilação a vapor, xaropes espirituosos e licores"
Nos anos 80 do século passado encerrou devido ás novas regras da distribuição de bebidas, sendo transformado num antiquário que vendeu parte do espólio.

O Central Hotel começou a funcionar em Agosto de 1904, por iniciativa de José Alves de Brito e Francisco Xavier Gouveia, proprietários do Café Central, que se situava no prédio contíguo.

Foi demolido nos fins dos anos 40 do séc. passado, sendo construído, por Edmundo Ferreira, um novo edifício destinado ao mesmo ramo de actividade: O Hotel Porto-Mar, com o seu sempre recordado Café.

O Central Hotel, anteriormente propriedade de Mello, Braga & Barbosa, pertencia a Tomás Alves, nesta época.

Em 1916 praticava os seguintes preços:

Diárias: 1$000, 1$200 e 1$500 reis

Almoços: 500 reis;

Jantares: 600 reis.

Em 1934, segundo o Guia de Leixões, anunciava estes preços:

  34 quartos

  Diárias – 25$00, 30$00 e 40$00

  Criados ou chauffeurs – 15$00 (incluídas 3 refeições)

  Quarto – 10$00

  Almoço – 12$00

  Jantar – 15$00

  Banho frio  - 2$50

  Banho quente – 5$00

  Pequeno almoço – 3$00

  No local onde se situava o Central Hotel ergue-se hoje o edifício do Hotel Porto Mar.

Imagens - Anúncio no Jornal A Verdade, de 16-11-1916; Sala de Jantar do Central Hotel, do Guia de Leixões, 1934; Postal comercial do Central Hotel